TIRADENTES - PATRONO CÍVICO DA NAÇÃO BRASILEIRA




Tiradentes - Patrono Cívico da Nação Brasileira

Autor: Marcos Alves de Andrade*

Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, herói nacional e patrono cívico da nação brasileira, foi o principal líder e o mártir da Inconfidência Mineira.

Tiradentes nasceu na fazenda do Pombal, São João Del Rei, Minas Gerais, antiga comarca de Rio das Mortes, presumindo-se que seu nascimento tenha ocorrido em 1746, pois neste ano foi batizado (12 de novembro). Era filho de Domingos da Silva dos Santos, português, e de Antonia da Encarnação Xavier, sendo esta filha de Domingos Xavier Fernandes, português, e Maria de Oliveira Colaça, paulista.

Os pais de Tiradentes possuíam terras e escravos e, além de Tiradentes, tiveram os seguintes filhos: 1) Domingos da Silva Xavier, n. 1738, foi padre; 2) Maria Victória de Jesus Xavier, n. 1742; 3) Antônio da Silva e Santos, n. 1745, foi também padre; 4) José da Silva dos Santos, n. 1748; 5) Catharina (Eufrásia) da Encarnação Xavier, n. 1751; 6) Antônia Rita de Jesus Xavier, n. 1754. O pai de Tiradentes ainda teve uma outra filha, quando solteiro, Clara. Portanto, Tiradentes teve seis irmãos e uma irmã unilateral.

Quando Tiradentes tinha 09 (nove) anos de idade, sua mãe faleceu, e seu pai faleceu quando ele tinha 11 (onze) anos de idade. Os órfãos foram recolhidos pelo capitão Bernardo Rodrigues Dantas, português, casado com a tia materna de Tiradentes, Catarina de Assunção Xavier (sétima avó do autor), e padrinho de uma das crianças. Posteriormente, as crianças foram divididas entre parentes e famílias amigas, tendo Tiradentes ficado com seu padrinho Sebastião Ferreira Leitão, que era cirurgão. Tiradentes aprendeu a ler e escrever, inclusive francês e inglês, com seu irmão Domingos, com seu primo Frei José Mariano da Conceição Veloso e com seu padrinho Sebastião Ferreira Leitão, sendo que este lhe ensinou noções de cirurgia e odontologia. Como Joaquim José da Silva Xavier, ajudando seu padrinho no trabalho, fazendo curativos e, à vezes, tirava dentes, ficou conhecido com o nome de Tiradentes. Mais tarde, Tiradentes exerceu as atividades de tropeiro e mascate, comercializando em diversas regiões de Minas Gerais e Bahia, bem como tentou a atividade mineradora. Além do Frei José Mariano da Conceição Velloso (filho de sua tia materna Rita Xavier) e dos dois irmãos padres, Tiradentes teve vários parentes padres, entre eles o Padre Antônio Rodrigues Dantas, filho de Bernardo Rodrigues Dantas e Catarina de Assunção Xavier, o qual era considerando grande latinista, sendo autor da obra "Sintaxe Latina". Tiradentes morreu solteiro, mas teve uma filha com Antônia Maria do Espírito Santo, quando tinha aproximadamente 40 anos de idade e aquela 17 anos de idade. Quando assumiu a paternidade, Tiradentes prometeu que casaria com Antônia. A filha, de nome Joaquina, foi batizada em 31 de agosto de 1786 na Igreja Matriz de Vila Rica. Existem notícias de que Tiradentes teve também um filho.

O Regimento de Cavalaria de Minas Gerais foi instalado em 9 de junho de 1775, tendo nele Tiradentes se alistado em 1° de dezembro de 1775, aos 29 anos de idade, diretamente no posto de Alferes, posição hierárquica, na ocasião, intermediária entre Tenente e Cabo, hoje não mais existente e que atualmente equivaleria a 2° Tenente.

Atividades militares de Tiradentes: a partir do primeiro semestre de 1777 até 1779 serviu no Rio de Janeiro, nas forças de defesa contra ameaças externas; comandante do destacamento de Sete Lagoas-MG (1780); nomeado pela rainha Maria I, comandante da tropa militar de guarda do Caminho Novo (Destacamento de Posto de Meneses) - que se chamou depois de Caminho de Meneses -, que se tratava da construção de uma variante, cortando a mata, até Registro do Paraibuna, que visava encurtar o caminho de Vila Rica ao Rio de Janeiro, que então passava por São João Del Rei (1781 a 1785).

Em 2 de março de 1787, Tiradentes pediu licença do seu regimento e viajou para o Rio de Janeiro, regressando a Vila Rica no dia 28 de agosto do ano seguinte. No período em que permaneceu no Rio de Janeiro, Tiradentes realizou projetos de melhoria urbana (construção de um trapiche ( cais do porto), rudimentar, de madeira, construção de armazéns; canalização das águas do Rio Andaraí e Maracanã para melhoria do abastecimento da cidade, com construção de moinhos; serviço de barcas de transporte de passageiros do Rio a Niterói (Praia Grande). Ainda no Rio de Janeiro, Tiradentes conheceu José Álvares Maciel, que havia chegado da Europa com novas idéias políticas e filosóficas.

Já em Minas Gerais, Tiradentes passou a pregar seus ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, e a independência do Brasil, organizando, em seguida, juntamente com Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Freire de Andrade e Inácio José de Alvarenga Peixoto, um movimento aliado, ainda, a integrantes do clero. O movimento ganhou reforço ideológico com a independência das colônias americanas e a formação, em seguida, dos Estados Unidos, e era principalmente influenciado pelos ideais de liberdade da Revolução Francesa. Tiradentes sempre tinha ao seu lado livros sobre a independência norte-americana, sendo que um deles, " Coleção das Leis Constitutivas dos Estados Unidos", foi apreendido por ocasião de sua prisão.

José de Resende Costa e José de Resende Costa Filho, que residiam na atual cidade de Resende Costa (nome em homenagem aos mesmos), que é localizada a 30 km de São João Del Rei, participaram da Inconfidência Mineira, assim como diversas pessoas de Prados e São João Del Rei.

Quanto à bandeira para o novo país idealizado pelos conjurados, cuja capital seria a vila de São João Del Rei, decidiu-se, na casa de Cláudio Manoel da Costa, pela proposta de Tiradentes: um triângulo, em honra da Santíssima Trindade, de quem era devoto. O emblema "Libertas quae sera tamen" foi inspiração de Alvarenga Peixoto.

A conspiração que estava sendo levada a efeito pelos conjurados foi delatada pelo portugues Joaquim Silvério dos Reis em troca do perdão de sua dívida com a Fazenda Real. O governador de Minas Gerais, Luís Antônio Furtado de Mendonça, visconde de Barbacena, suspendeu a derrama, que foi considerada o estopim do movimento, e ordenou a prisão dos conjurados (1789).
Todos os principais conjurados foram presos. Tiradentes foi preso no Rio de Janeiro no dia 10 de maio de 1789. O julgamento demorou três anos e, ao final, foram condenados cinco conjurados ao "degredo perpétuo" e onze à morte. Os demais foram libertados ao entendimento de que três anos de prisão eram mais do que suficientes. Tiradentes, durante todo o seu julgamento, continuava defendendo a República e a abolição da escravidão.

No dia 20 de abril de 1792 foi lida a decisão final, proferida pela rainha de Portugal, dona Maria I, a Louca, que comutava a pena de morte dos conjurados, com exceção de Tiradentes, em degredo perpétuo na África. A execução de Tiradentes ocorreu no Largo da Lampadosa, Rio de Janeiro, na manhã de 21 de abril de 1792 (um sábado). Tiradentes pediu ao carrasco, após este, como era costume, pedir perdão pelo que iria fazer, para beijar-lhe as mãos e os pés, o que fez. O carrasco chorou. Antes do enforcamento, Frei José de Jesus Maria do Desterro recitou o Credo, sendo acompanhado por Tiradentes.

Após o enforcamento, o corpo de Tiradentes foi esquartejado e salgadas as partes. A cabeça foi exposta num poste, em Vila Rica (atual Ouro Preto). O resto de seu corpo foi dividido em quatro partes que ficaram expostas publicamente em vários locais onde teriam sido praticados atos de conspiração: Cebolas (freguesia de Paraíba do Sul), Varginha (localidade entre Conselheiro Lafaiete e Ouro Branco), Borda do Campo (atual Barbacena) e Bananeiras ou Bandeirinhas (localidade próxima a Lafaiete). Salgou-se o local onde morava, com o objetivo de evitar o nascimento de plantas no local.

Vinte anos após a morte de Tiradentes foi declarada a independência do Brasil e cem anos depois foi proclamada a República.

"SE DEZ VIDAS EU TIVESSE, DEZ VIDAS EU DARIA PELO BRASIL" (TIRADENTES)

Obra elaborada com base em livros históricos, autos da Devassa (julgamento dos conjurados), publicações na internet, documentos referentes a assentos de nascimento ou batismo e outros. Havendo alguma incorreção, contate com o autor. 

* Autor: Marcos Alves de Andrade

O autor é Juiz de Direito em Minas Gerais, Pós-graduado em Direito Civil e em Direito Público, parente de Tiradentes em 11º grau. (Domingos Xavier Fernandes, avô materno de Tiradentes, foi o oitavo avô, linha materna, do autor)

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